Madalena Passeiro: A Artista que Transformou Pausas em Pinceladas de Vida!
Madalena Passeiro encontrou a arte no momento em que a vida a obrigou a parar. Após anos a dividir-se entre enfermagem, gestão, cozinha e aviação, foi numa pausa forçada por motivos de saúde que redescobriu os pincéis — e com eles, reencontrou-se. Hoje, dedica-se à pintura, onde cada peça nasce de uma emoção, de uma intenção ou memória.
E num tempo em que tantas casas se tornam neutras, impessoais e quase fotocópias de um catálogo de decoração ou de um mural das redes sociais, a artista portuguesa vem lembrar que a verdadeira identidade de um espaço nasce da alma que nele colocamos. “Mais do que decorar, a arte faz sentir — e é isso que torna uma casa verdadeiramente especial”, afirma.
Acredita que a arte tem o poder de transformar um espaço, dar-lhe identidade e alma. É essa ligação entre criação e quem a acolhe que torna o seu trabalho tão íntimo. Afinal, como diz, cada peça carrega uma história — e convida-nos a fazer parte dela. Na visão de Madalena Passeiro, uma obra de arte não deve ser escolhida apenas por combinar com a cor da parede ou preencher um vazio. E, definitivamente, não tem de ser um luxo: “é uma forma de tornar a casa mais viva”, garante.
“Não existe uma regra certa. O mais importante é que a peça faça sentido para quem a escolhe. Se, além de encaixar no ambiente, conseguir tocar emocionalmente... então é perfeito”, refere, explicando que podemos apaixonar-nos por uma peça de forma instintiva — e essa emoção é, por si só, motivo suficiente para a levar connosco.
Autodidata, partilha o seu universo sensorial através de obras repletas de textura, cor e simbolismo — onde Nossa Senhora, silhuetas femininas e barcos à vela habitam com a mesma delicadeza. É nesse gesto de intimidade, feito pincel a pincel, que Madalena vê o verdadeiro poder da arte. “Cada peça que crio é feita com intenção. Gosto de pensar que levo comigo quem estiver disposto a embarcar nesse caminho.” E talvez seja esse o segredo para transformar uma casa — deixá-la contar, também, uma história.
Um Reencontro com a Arte
O seu percurso académico passou por áreas tão distintas como Enfermagem, Gestão e Culinary Arts antes de se dedicar à pintura. Como foi essa transição para o mundo da arte?
“Sempre fui curiosa e entusiasta por aprender, o que me levou a explorar diferentes áreas — da Enfermagem à Gestão e, mais tarde, à cozinha. Durante muito tempo senti que não tinha encontrado a minha verdadeira vocação, por isso estive sempre em busca. A arte sempre fez parte de mim, mas só mais tarde lhe dei espaço para crescer. A pintura surgiu como uma espécie de reencontro comigo mesma.”
A Transformação Através da Pintura
Sim, houve. Durante o período de lay-off, dei por mim completamente viciada em pintar. Abdicava de tudo para ter tempo para criar. Quando regressei aos voos — o que implicava estar muito tempo fora de casa — só pensava em pintar e em ter tempo para fazer aquilo que realmente me fazia feliz. A vida tem formas curiosas de nos empurrar para o que é certo.
Acabei por ficar doente e, naturalmente, deixei de poder exercer a minha profissão no ar. Nesse momento criei o desenho da “Maria”, inspirado em Nossa Senhora, e senti que era um renascimento. A resposta foi tão forte e imediata que percebi que não valia a pena procurar mais nada — a pintura era o meu futuro feliz.
A Magia da Pintura Abstrata
O que mais me atrai na pintura abstrata é o convite à abstração da própria realidade. Quando estou a pintar, sinto-me mais desperta e sensível — às cores, às pinceladas, às texturas. Gosto de pensar que o abstrato nos permite sentir antes de compreender. Tento criar peças que tragam uma boa energia, mesmo que através de uma mensagem simples — seja pelas cores alegres ou pelas texturas que despertam o tacto e os sentidos.
O Processo Criativo
Não sigo propriamente um ritual, mas há sempre uma intenção ou mensagem interior que me guia. Cada obra nasce de uma emoção ou de algo que quero transmitir de forma subtil. Mesmo nas peças mais abstratas, há sempre uma viagem interior — e gosto de acreditar que levo comigo quem estiver disposto a embarcar nesse caminho.
Inspirações e o Valor da Arte em Casa
Para mim, uma peça de arte é a alma de uma casa — é o elemento que lhe dá identidade, singularidade e emoção. O meu principal conselho é simples: escolham algo que vos toque, que desperte uma emoção — mais do que algo que "fique bem".
A arte deve ser sentida antes de ser decorativa.
O Futuro da Arte de Madalena
O que mais me motiva a continuar a criar é a possibilidade de criar algo novo — experimentar técnicas, explorar texturas, descobrir cores. A pintura é um mundo infinito e está sempre a desafiar-me. Para o futuro, gostava de continuar a desenvolver novas coleções, participar em exposições e mercados de arte, criar workshops e colaborar com outros artistas e marcas.
Vou partilhando as minhas coleções e, se houver alguma peça que gostem, basta enviar-me uma mensagem. Também é possível criar obras personalizadas por encomenda, sempre com base no meu estilo e portfólio. O que importa é que a arte transforme o espaço e crie histórias.