Depósitos nos Bancos Portugueses: O Que os Últimos Dados Revelam Sobre o Futuro das Poupanças?

No final de abril de 2025, os depósitos de particulares nos bancos residentes em Portugal atingiram um valor histórico de 193,1 mil milhões de euros. Este montante superou em 506 milhões de euros o valor de março e apresentou um aumento de 897 milhões de euros em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP). Este é o valor mais elevado já registado desde 1979, o que indica uma tendência significativa no comportamento dos consumidores e da economia em geral.

Comportamento dos Depósitos: Aumento e Desaceleração

A variação observada reflete principalmente um aumento de 940 milhões de euros nas responsabilidades à vista, os depósitos que estão disponíveis a qualquer momento. No entanto, este aumento foi parcialmente compensado por uma redução de 434 milhões de euros nos depósitos a prazo, que abrangem tanto os depósitos acordados como os que exigem aviso prévio. Essa dinâmica sugere que os consumidores estão a mudar a sua forma de gerir as poupanças, preferindo manter os fundos acessíveis a longo prazo.

Apesar de o stock de depósitos de particulares ter crescido 5,7% em relação ao ano anterior, este é o sexto mês consecutivo em que se verifica uma desaceleração na taxa de crescimento. Em março, a taxa de variação anual foi de 5,9%. Esta tendência de desaceleração começa a ser notável desde novembro de 2024, o que pode estar relacionado com a redução na remuneração dos depósitos e o aumento das subscrições líquidas de certificados de aforro.

A Visão da Comissária Europeia: “Nos Depósitos a Prazo, É Seguro Que se Perde Dinheiro”

A comissária europeia Maria Luís Albuquerque abordou a situação dos depósitos a prazo, afirmando que “é seguro que se perde dinheiro”, referindo-se à rentabilidade real negativa que estes produtos têm vindo a apresentar. Esta declaração sublinha a crescente preocupação em relação à segurança financeira dos cidadãos e a rentabilidade das suas poupanças.

Durante uma conferência da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) em Lisboa, a comissária destacou a importância da literacia financeira e da capacitação dos cidadãos para que possam gerir as suas finanças de forma informada e eficaz. A promoção da poupança de longo prazo tornou-se uma prioridade na agenda europeia, especialmente num contexto onde a confiança nos depósitos tradicionais está a ser desafiada.

Conclusão: O Que Esperar em Relação ao Futuro das Poupanças?

Este panorama levanta questões cruciais sobre o futuro das poupanças dos portugueses e sobre a forma como as instituições financeiras devem adaptar as suas ofertas para responder às novas realidades do mercado. Enquanto os depósitos à ordem continuam a crescer, é imperativo que consumidores e entidades financeiras reavaliem as suas estratégias de poupança e investimento, de forma a garantir uma melhor rentabilidade e segurança financeira a longo prazo.

O cenário atual sugere que a educação financeira e a adaptabilidade são fundamentais. À medida que olhamos para o futuro, o entendimento das opções disponíveis e a construção de um conhecimento sólido sobre o mercado financeiro podem ser os pilares para melhores decisões de poupança e investimento.