Se tem um contrato de Crédito Habitação com taxa variável, certamente já ouviu falar da EURIBOR, pois é frequente utilizar-se este indexante nos empréstimos para comprar casa em Portugal. Esta taxa existe desde 1999, tendo sido criada com a introdução do Euro como moeda única. Por ser tão usada no crédito hipotecário e por este representar grande parte dos encargos mensais dos Portugueses, vale a pena saber em que medida é que este indexante influencia a sua prestação.

As notícias mais recentes confirmam que a EURIBOR tem vindo a subir, registando-se aumentos significativos a três, seis e 12 meses. Embora continue em terreno negativo, as previsões apontam que pelo menos a taxa a 12 meses fique em território positivo ainda em 2022. Isto significa que alguns consumidores que tenham o seu crédito da casa indexado a esta taxa podem esperar que a sua prestação mensal suba, entretanto.

 

O que é a EURIBOR?

EURIBOR é, desde logo, um acrónimo para Euro Interbank Offered Rate, baseando-se na média das taxas de juro praticadas nos empréstimos a curto prazo realizados entre um painel de bancos europeus.

Esta taxa é calculada diariamente e varia em função do prazo, que pode ser a uma semana, um mês, três meses, seis meses ou um ano. No caso do Crédito à Habitação em Portugal, é comum aplicar-se a EURIBOR a seis ou a 12 meses.

 

Como é que a EURIBOR afeta a prestação mensal do seu Crédito Habitação?

A EURIBOR é a taxa de referência dos Empréstimos à Habitação e, em Portugal, a taxa variável de um crédito hipotecário é formada por uma junção do spread (que é a margem de lucro que o banco arrecada para si e que define com base no risco do cliente) com a EURIBOR.

Portanto, se contratar um Crédito Habitação com taxa variável, a taxa de juro aplicada à sua prestação mensal será formada por estes dois elementos.

Enquanto o spread é uma componente fixa (o que está estabelecido entre o cliente e o banco no contrato de crédito não se altera, salvo algumas exceções), já a EURIBOR não. Se esta aumentar, o valor da prestação mensal da casa aumenta também. Se descer, a mensalidade também sofre uma redução, tornando-se mais acessível para o devedor.

Se contratar um empréstimo com taxa fixa, então a prestação mensal não se alterará durante todo o período do crédito. Porém, num cenário em que a EURIBOR se encontra abaixo de zero, normalmente compensa contratar com taxa variável, dado que a mensalidade será mais baixa.

Alguns bancos também oferecem uma espécie de taxa mista: um contrato de Crédito Habitação em que os primeiros cinco, 10, 15 ou mais anos são com taxa fixa, passando depois para variável a partir de uma dada altura.

 

A EURIBOR tem igualmente impacto nas suas poupanças

Uma pessoa que abra uma conta-poupança num banco está, de facto, a emprestar dinheiro a esse banco.

Os valores da EURIBOR e das taxas de juro que geram retorno nas poupanças estão interligadas nos países europeus. De cada vez que a EURIBOR baixa, a margem de lucro do banco reduz-se. Consequentemente, os bancos podem acabar por decidir baixar a taxa de juro das contas-poupança (ou aumentar quando a EURIBOR sobe).

 

O que fazer se a EURIBOR ficar positiva?

Enquanto a EURIBOR estiver negativa, os consumidores portugueses que tiverem contratos com taxa variável pagarão menos pela sua casa. Porém, numa situação em que esta taxa suba e fique positiva, o aumento dos encargos financeiros com a casa pode colocar alguma pressão na taxa de esforço das famílias.

Neste sentido, é importante que não se foque tanto na prestação mensal que vai pagar ao banco, mas também no chamado MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor), que é o custo total do empréstimo, englobando o capital, os juros, o valor dos seguros de vida e multirriscos e ainda eventuais comissões.

Num cenário de ascensão da EURIBOR para valores positivos, será que continua a conseguir pagar a sua casa? É uma questão de fazer as contas a uma possível subida da prestação, pressupondo um cenário em que os seus rendimentos não aumentaram proporcionalmente.

 

 

Fonte: ComparaJá

 

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