Diminuir o spread do Crédito Habitação é possível, contudo deve ser uma decisão tomada com base na análise, comparação e ponderação de vários fatores.

Baixar o spread do Crédito Habitação ocorre praticamente sempre quando se pretende diminuir a prestação de um empréstimo. E, uma vez que a compra da casa envolve um valor elevado, uma pequena alteração nessa taxa pode determinar uma poupança de algumas dezenas de euros por mês.

Neste sentido, saiba como baixar o spread do seu Crédito Habitação, quais as condições necessárias.

 

Spread: Conceito

Antes da tentativa de baixar o spread do Crédito Habitação é essencial compreender em que consiste esta percentagem.

O pagamento do seu Empréstimo à Habitação apresenta sempre juros, cobrados com base numa taxa. Esta taxa de juro é composta por duas variáveis: o indexante, sendo normalmente a Euribor, e o spread.

Num crédito com taxa variável, a Euribor vai oscilando e é atualizado trimestral, semestral ou anualmente, segundo o contrato que se realizou.

O valor do spread difere consoante de banco para banco e de contrato para contrato. Ou seja, para um empréstimo do mesmo valor, realizado por duas pessoas diferentes, o mesmo banco pode aplicar diferentes spreads. Isto porque o estabelecimento do valor do spread de um crédito considera, por exemplo, o risco desse crédito e as garantias, como a hipoteca ou a fiança, prestadas pelo cliente.

Além disso, o valor do spread representa a facilidade ou dificuldade que o próprio banco tem em financiar. Neste sentido, em períodos de crise financeira, é normal que os spreads sejam mais elevados.

O spread pode ser encarado como a margem de lucro do banco, portanto, baixá-lo implica sempre contrapartidas.

Um dos exemplos mais comuns é o banco propor ao cliente a contratação de outros produtos ou serviços para beneficiar de uma redução do spread do crédito. No entanto, deve-se analisar vários componentes para compreender se vale a pena.

 

Spreads médios atuais

Quem ainda dispõe de Créditos Habitação antigos recorda-se, certamente, das várias fases na evolução do valor dos spreads. Se antes da crise financeira de 2008 era significativamente fácil encontrar um spread baixo, ou até baixar o que tinha, a partir daí tornou-se mais difícil.

Após essa fase, os spreads voltaram a baixar, para valores médios superiores a 1%.

 

Como comparar?

Neste sentido, se quer baixar o spread do seu atual Crédito Habitação, não basta olhar para o spread que lhe é apresentado. Deve-se ter em consideração que, só por o spread ser mais baixo, não quer dizer que vai poupar dinheiro.

Assim, em vez de se fixar apenas no spread, deve-se compare a TAEG – a taxa anual de encargos efetiva global – e o MTIC – o montante total imputado ao consumidor.

Estes valores estão obrigatoriamente constados na FINE (Ficha de Informação Normalizada Europeia), um documento que o banco tem de entregar quando apresenta uma proposta de crédito.

A TAEG e o MTIC são essenciais para poder comparar duas propostas, uma vez que são indicadores que consideram todos os custos do crédito. Além dos juros, incluem, por exemplo, comissões, impostos, seguros e outros encargos.

O Banco de Portugal recomenda ainda uma análise às propostas para compreender se abrangem a compra de outros produtos que possam trazer custos acrescidos. Isto é, veja se o que vai poupar com a diminuição do spread não será anulado pelos gastos extra que se vai ter, com os cartões de crédito ou seguros de saúde que tiver de contratar.

É  fundamental compreender o que acontece se se pretender desistir desses produtos ou serviços durante o período do empréstimo. Por exemplo, alterar a seguradora pode fazer com que perca a bonificação do spread.

Mais uma vez, é essencial avaliar bem a FINE. Este documento deve indicar os benefícios da contratação e as consequências para o cliente se desistir.

 

Dicas para descer o spread

Neste sentido, e tendo sempre em conta as recomendações realizadas e os vários componentes que podem influenciar o spread. Siga as seguintes dicas para poder diminuir o spread do seu Crédito Habitação.

 

#1. Subscrever produtos ou serviços

Esta é uma das maneiras mais habituais de se obter uma diminuição do spread. Assim, pode negociar com o seu banco a contratação de seguros, a subscrição de cartões ou até a domiciliação de pagamentos, ou seja, pagar as contas por débito direto a partir da conta relacionada com o crédito habitação.

Contudo, saiba que os produtos ou serviços a subscrever devem preencher uma necessidade sua para não ter de cancelar a subscrição e pôr em causa o spread conseguido com a sua subscrição.

 

#2. Oferecer uma entrada maior

Na situação de ainda se estar na etapa inicial da contratação de um Crédito Habitação, tente juntar mais dinheiro para oferecer dar uma entrada maior.

As condições do Banco de Portugal impedem os bancos de atribuir empréstimos para o valor total da casa. Isto é, poderá ter um crédito para 80% ou 90% desse valor - ou menos -, significando que tem de ter o restante para dar de entrada.

Quanto maior for a entrada inicial, menor o valor do crédito que o banco tem de atribuir. Consequentemente, menor será o risco e menor será o spread.

 

#3. Ter uma taxa de esforço reduzida

A taxa de esforço consiste na percentagem do rendimento precisa para pagar a prestação do crédito. Trata-se de um bom indicador da sua saúde financeira.

Se mais de metade dos seus rendimentos são para pagar a prestação da casa, é provável que ou não consiga obter crédito, ou, se já o tem, que possa vir a ter problemas para o pagar.

Quando a taxa de esforço é alta, bastará um contexto de doença ou de desemprego para desequilibrar todo o orçamento familiar. Assim, o crédito é mais arriscado para o banco e é muito provável que não consiga um spread reduzido.

Se a taxa de esforço for inferior a 35%, o spread pode diminuir. Se for ainda menor, mais condições terá para negociar no sentido de baixar o spread do seu crédito habitação.

 

#4. Dar mais garantias

A redução do risco relacionado ao empréstimo também pode ser obtida se tiver um fiador ou apresentar uma garantia adicional.

Ainda assim, e dado que estas possibilidades encerram algum risco para si e para os fiadores, deverá considerar bem a situação.



Fonte: SUPERCASA


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