A larga maioria do alojamento local em Portugal continua nas mãos de proprietários nacionais, mas os estrangeiros têm vindo a ganhar espaço. Neste artigo, vamos explorar a crescente influência dos cidadãos dos Estados Unidos, que já ocupam o quinto lugar entre os principais detentores de unidades no país.

Segundo dados obtidos pelo Registro Nacional do Alojamento Local (RNAL), gerido pelo Turismo de Portugal, existiam a 20 de agosto 124.700 unidades de alojamento local registadas, das quais 117.288 eram controladas por titulares de origem portuguesa. “Ou seja, mais de 94% do sector é controlado por nacionais”, o que demonstra o forte domínio dos portugueses. No entanto, os restantes registos abrangem titulares de 101 países diferentes, refletindo uma diversificação crescente.

Entre os estrangeiros, os britânicos lideram em número de registos, com 1.762, seguidos por franceses (1.298) e alemães (710). Os norte-americanos totalizam 455 unidades, confirmando a sua posição como quinto maior grupo de proprietários estrangeiros. Este aumento coincide com a presença crescente de norte-americanos em Portugal, que em 2024 já somavam 20.959 residentes, quase 50% mais do que no ano anterior.

A distribuição geográfica do alojamento local também revela diferenças entre nacionais e estrangeiros. Faro e Lisboa mantêm-se como os distritos preferidos, mas enquanto os portugueses apresentam registos espalhados por todo o país, os estrangeiros concentram-se sobretudo no Algarve. No caso de britânicos e alemães, mais de 70% das unidades estão naquela região, e os franceses e norte-americanos superam os 50%.

Outro dado relevante refere-se à titularidade dos imóveis. No caso de estrangeiros, a maioria dos titulares é também proprietária dos imóveis que explora, ao contrário dos portugueses, cuja titularidade muitas vezes não coincide com a propriedade do imóvel. Apenas cerca de 59% das unidades registradas por portugueses são efetivamente detidas por quem aparece como titular.

O fenómeno reflete uma tendência crescente de internacionalização do sector, alinhada com o aumento do turismo estrangeiro. Os turistas norte-americanos, por exemplo, constituem hoje o terceiro maior mercado emissor para Portugal, com mais de 1,3 milhões de visitantes em julho e cerca de três milhões de dormidas. O alojamento local mostra assim não só a preferência dos nacionais, mas também o investimento estratégico de estrangeiros em regiões turísticas de maior procura.

Em conclusão, o que podemos concluir sobre esta tendência? A crescente participação de estrangeiros no mercado de alojamento local em Portugal não é apenas uma passagem, mas uma evidência de oportunidades de investimento e da atratividade do país como um destino turístico. É fundamental que o sector nacional esteja atento a estas mudanças e prepare-se para uma competição que pode ser tanto desafiadora quanto benéfica, promovendo sempre a qualidade e a excelência no alojamento ofrecido.