A venda de casas em Portugal deu o salto no início do ano, assim como o preço da habitação. Mas porque é que isto acontece? Ao contrário do que se tem dito no mercado, Miguel Maya, presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp, defende que a garantia pública no crédito habitação para jovens não tem efeito na subida do custo das casas para comprar. “O tema não deve ser a garantia pública, mas sim o reforço da oferta”, resume.

Os preços das casas transacionadas no país registaram um aumento anual de 16,3% no primeiro trimestre de 2025, a maior subida de sempre registrada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Este crescimento foi observado em paralelo com um salto anual de 25% na venda de casas (41.358 transações), num momento marcado por um alívio das taxas de juro e pela entrada em vigor da garantia pública para os jovens.

Para Miguel Maya não há efeito da garantia pública para jovens sobre os preços da habitação. “O tema não deve ser a garantia pública, mas sim o reforço da oferta”, garantiu o responsável do BCP durante a Conferência da Promoção Imobiliária em Portugal que se realizou na semana passada.

Na sua visão, é preciso dar resposta aos jovens que procuram a sua primeira casa. “Nós só usamos essa garantia pública porque não temos outra forma de financiar a 100%, se não, o banco tomaria esse risco, e sem receio, mas com rigor,” acrescentou Miguel Maya, esclarecendo que não tem “qualquer expectativa de usar a garantia pública para recuperação de crédito”.

A solução para abrandar a subida dos preços das casas e resolver o problema do acesso à habitação em Portugal “não é simples, nem fácil”, até porque “o planeamento não foi feito como deveria, e durante 20 anos ignorámos as mudanças que estavam a acontecer na sociedade”, sublinhou no evento.

Boa parte da solução está no aumento de oferta de casas no país por várias vias e na estabilidade legislativa assegurada pelo Governo no longo prazo. Uma delas é a aposta em projetos para arrendamento, como o build to rent. “É um modelo que funciona muito bem e faz parte do portfólio do banco. Mas a grande questão é a confiança dos investidores, que têmem ter as rendas condicionadas de repente. Com este risco, os bancos também pedem um spread superior. Por isso, precisamos de mais previsibilidade para esse investimento”, conclui Miguel Maya.