O Impacto das Decisões dos Bancos Centrais nas Taxas de Juros em 2025
O Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a aliviar a sua política monetária, somando um total de quatro cortes de juros no primeiro semestre de 2025, deixando a taxa de referência dos depósitos em 2%. Este tem sido o caminho seguido pela maioria dos bancos centrais das economias desenvolvidas, que somam 63 decisões de cortes de juros neste período. Em contraciclo está a Reserva Federal norte-americana (Fed), que recusou a avançar com qualquer descida das taxas, apesar da insistência de Donald Trump.
Libertar a restrição da política monetária foi a estratégia seguida pela maioria dos bancos centrais por várias economias do mundo na primeira metade do ano. Ao ritmo de quatro cortes dos juros – embora de diferentes dimensões – está o BCE e os reguladores do México e da Dinamarca. Em registro, estão duas reduções de taxas neste período os bancos centrais da Austrália, Canadá, Suécia, Suíça e Reino Unido. Já a China, a segunda maior economia do mundo, cortou os juros apenas uma vez este ano.
Há, no entanto, vários bancos centrais que estão a seguir outro caminho. Em destaque está a Fed norte-americana, que recusou avançar com qualquer corte de juros nos primeiros seis meses de 2025 perante os riscos de subida da inflação devido às tarifas impostas por Trump, assegurando, assim, a independência do banco central face à pressão política e críticas em contrário por parte do Presidente dos EUA.
Contabilizaram-se um total de 18 decisões de subida dos juros pelos bancos centrais, com destaque para os quatro aumentos decididos pelo regulador do Brasil que colocaram os juros em 15% e ainda o Banco do Japão que subiu a taxa uma vez em janeiro para 0,5%, o nível mais elevado em 17 anos.
Até ao final do ano, muita coisa pode mudar. Antecipa-se que as economias que até agora desceram os juros poderão abrandar ou até mesmo parar o alívio monetário. É o caso do BCE, China, México, Suécia e Suíça. Mas haverá outras que poderão voltar a cortar os juros, como a Fed.
Contraste dos juros na zona euro e nos EUA pode diminuir
Enquanto o banco central norte-americano manteve os juros inalterados de janeiro até junho, o BCE, liderado por Christine Lagarde, avançou com quatro cortes das taxas, totalizando uma redução de 100 pontos base. Agora, os juros na zona euro estão entre 2% e 2,4%, cerca de metade das taxas fixadas pela Fed presidida por Jerome Powell (4,25-4,5%). Esta diferença tem consequências económicas, como a valorização mais acentuada do dólar face ao euro.
Mas até ao final do ano, esta discrepância das taxas pode diminuir. Embora o presidente da Fed não tenha cedido às pressões de Trump até agora no sentido de aliviar a política monetária, os mercados já começam a anticipar três cortes dos juros de 25 pontos base cada até ao final do ano, reduzindo as taxas para o intervalo entre 3,5% e 3,75%.
Aliás, o presidente do banco central dos EUA admitiu que 'uma maioria sólida dos membros espera que se torne apropriado começar a reduzir taxas outra vez' este ano, o que 'vai depender dos dados' da inflação, economia e emprego, que por enquanto estão favoráveis. Os receios de Powell continuam voltados para o impacto das tarifas de Trump sobre a inflação.
Já no caso do BCE, há um consenso generalizado entre especialistas de que haverá um abrandamento da descida dos juros, antecipando-se apenas mais um corte até ao final do ano, reduzindo a taxa dos depósitos de 2% para 1,75%. Após ter decidido cortar os juros oito vezes em um ano, o BCE “não tem pressa” em avançar com novas reduções.
Sobre o futuro, tanto o governador do Banco de Portugal como a presidente do BCE consideram que é preciso ter cautela nas decisões de política monetária perante os riscos para a inflação, vindas das tarifas impostas por Donald Trump, e da tensão no Médio Oriente, que poderá aumentar os custos do petróleo. Nesse contexto, é necessário 'continuar a ser vigilantes e a cumprir o nosso alvo'.
Esta análise reflete a complexidade das decisões dos bancos centrais e o impacto que estas podem ter nas economias globais. As movimentações nas taxas de juros são fundamentais para o equilíbrio financeiro em tempos de instabilidade.