Qualquer investimento imobiliário pretende valorizar com o tempo — e as casas modulares não são exceção. Apesar de dúvidas sobre durabilidade e financiamento, analisando fatores como localização, eficiência e opinião pública, podemos perceber que têm potencial semelhante às tradicionais.

A par das reticências face à durabilidade das casas modulares, há também vários pontos de interrogação quanto à sua valorização no setor imobiliário: será que valorizam ou não?

O que pode influenciar o valor de uma habitação modular?

Se uma bola de cristal revelasse como é que o valor de uma casa mudará ao longo do tempo, investidores e proprietários sairiam com mais frequência à rua de sorriso estampado. Mas até que a inventem, temos de nos guiar pelas bases que se conhecem e tirar as conclusões. 

Há, assim, fatores que servem de trampolim para a valorização das casas modulares e obstáculos que a fazem recuar, ainda que esta alternativa habitacional represente uma lufada de ar fresco no setor imobiliário.

Localização é um ponto essencial

É o ponto chave de qualquer residência. Se a casa for erguida numa área cuja procura é elevada face à oferta, acessível e com boas infraestruturas ao redor, traduzir-se-á num aumento de valor do imóvel

É certeiro, independentemente de a habitação posicionar-se do lado das casas convencionais ou industrializadas.

Modernização e eficiência somam valor

A crescente procura por casas energeticamente eficientes de raiz, por exemplo com instalação de painéis solares, acaba por valorizar este tipo de habitação, atribuindo-lhe uma vantagem competitiva. 

Isto porque, por um lado dão resposta a uma possível despesa futura e, por outro, otimizam o consumo de energia ao longo do ciclo de vida da casa. De facto, quanto maior for a classificação energética, mais valorizado é o imóvel.

Além disso, o facto de se encontrarem na vanguarda do setor, por recorrerem a métodos inovadores e serem tecnologicamente edificadas, há possibilidade de assistirem a um crescimento do seu peso no mercado.

Tendência de mercado e contexto económico

As casas modulares não fogem às oscilações do mercado imobiliário com base na lei da oferta e da procura, que irá impactar positivamente ou negativamente o valor das casas, sendo que o mesmo acontece com as casas tradicionais. Importa atender ainda às inflações e taxas de juro, bem como, todo o panorama político e económico dentro e fora das fronteiras.

Opinião pública

A opinião generalizada acaba por exercer peso no olhar sobre este tipo estrutura residencial. Contudo, à medida que as casas modulares rompem com o ceticismo e preconceitos associados, fidelizando adeptos, o seu potencial de investimento também aumenta, por consequência. 

Qualidade de construção e manutenção

Feitas em fábricas, pressupõe-se que exista um maior controlo em relação à qualidade e segurança. Neste sentido, uma casa industrial montada por uma mão-de-obra especializada e com materiais de alta qualidade confere longevidade da habitação e exige menos manutenção com o passar do tempo, captando, por isso, a atenção dos investidores. 

Casas mal conservadas ou com problemas estruturais, independentemente, do método de construção, abrem mão do seu valor. Porque afinal, quem é que quer arcar com custos futuros de manutenção?

Estima-se que o tempo de vida útil ronda entre os 50 e os 70 anos, se a casa pré-fabricada for devidamente montada e mantida.

Crédito habitação ainda é um obstáculo

Por norma, o pagamento das habitações industrializadas é efetuado antes de serem construídas. Neste contexto, um problema que persiste e atrapalha o setor modular – apresentando-se como uma desvantagem das casas pré-fabricadas – é a relutância das instituições bancárias no acesso ao crédito à habitação para a sua construção. Embora já existam soluções, ainda não há um leque de bancos que o oferecem. 

A falta de perceção real em relação à avaliação do imóvel e incertezas face a este modelo, que está a redefinir o padrão habitacional, levam os bancos a caminhar pé-ante-pé. E o resultado? 

Na prática, as casas modulares vislumbram-se como uma alternativa aos jovens, tendo em conta que são mais baratas dado o menor tempo de fabricação, mas tornam-se mais pesadas em termos de cumprimento de prazos de financiamento para a sua construção. 

Também a contratação de seguros é um entrave, uma vez que várias seguradoras não oferecem seguros destinados a casas modulares.

Casas modulares: financiamento e burocracia

A Caixa Geral de Depósitos é um exemplo de banco que tem opções de financiamento e o único que apresenta uma oferta de crédito específica para casas pré-fabricadas com taxas fixas e mistas.

Importa ainda salientar que, embora as casas modulares sejam promovidas como uma alternativa mais rápida, esta premissa é apenas referente ao processo de construção, já que necessitam de um licenciamento semelhante às casas tradicionais. 

Todos estes procedimentos arrastam-se no tempo de igual forma. Além de que estão igualmente sujeitas ao pagamento de impostos como o IMI.