Vivem-se momentos de dinamismo e confiança no mercado da mediação imobiliária em Portugal, nomeadamente no segmento residencial. Mais casas houvesse para dar resposta à enorme procura existente em todos as áreas do setor, e mais casas seriam vendidas ou arrendadas. 2024 é, de facto, um ano que deixa boas memórias para várias mediadoras, que registaram números recorde, e o idealista/news foi tentar perceber o que explica este sucesso. Sobre o futuro, no atual contexto global de incerteza, há desafios à vista, mas as perspetivas são animadoras.
Que balanço é possível fazer do negócio em 2024?
“Em 2024, que marca os 10 anos da chegada a Portugal, a iad teve o melhor ano de sempre”, começa por dizer Alfredo Valente, CEO da iad Portugal. “No 1º semestre, ainda sob o efeito de inflação e taxas de juro altas, o mercado mostrou-se retraído e a mediadora acompanhou essa tendência, registando um decréscimo de 2% no volume de transações e na faturação, em comparação com o período homólogo. O 2º semestre, por oposição, foi de crescimento: 32% no número de transações e 29% em volume de negócios. Na totalidade do ano, crescemos 14,4% em número de transações e 13,4% em volume de negócios”, concretiza.
Rui Torgal, CEO da ERA Portugal, revela que 2024 foi também o melhor ano de sempre para o negócio da empresa no mercado nacional: “Em praticamente todos os indicadores superámos os melhores registos anteriores de forma significativa. A nível de transações, a rede efetuou aproximadamente 12.220 negócios (+12% em relação a 2023). Já o valor dos negócios imobiliários transacionados rondou os 2.000 milhões de euros (+24% que em 2023). A faturação anual, considerando apenas as comissões imobiliárias, rondou os 102 milhões de euros, o que significa um crescimento de 22% face a 2023.”
“Em 2024, que marca os 10 anos da chegada a Portugal, a iad teve o melhor ano de sempre. Na totalidade do ano, crescemos 14,4% em número de transações e 13,4% em volume de negócios”
Alfredo Valente, CEO da iad Portugal
Esta é uma ideia, de resto, partilhada pelos vários responsáveis ouvidos. Marco Tairum, CEO da Keller Williams Portugal (KW Portugal), indica que o ano de 2024 foi o melhor, em termos de faturação, desde que a rede imobiliária se instalou em Portugal. “Faturámos 72 milhões de euros, um crescimento muito interessante face aos dois últimos anos. Mais de 72% das comissões cobradas a clientes foram entregues aos consultores e os seus negócios cresceram acima dos 35% face ao ano passado.”
“2024 foi um ano de todos os recordes”, confirma, por sua vez, Manuel Alvarez, presidente da Remax Portugal. “2024 foi o ano, dezembro o mês e o 4º trimestre o trimestre. Foram os melhores de sempre da rede em Portugal. Na reta final de 2024 superámos todos os recordes. Com um volume de preços superior a 7.000 milhões de euros, a rede marcou decididamente o ano”, detalha.
2024, ano de desafios e oportunidades
Do lado da ComprarCasa, Luis Nunes, diretor-geral da rede, fala num ano extraordinário e 'cheio de desafios, em que o desenquadramento entre a oferta e a procura se manteve bastante evidente, sendo um dos principais pilares para o contínuo aquecimento dos preços da habitação.”
O responsável adianta que o número de transações cresceu mais de 20%, o que correspondeu a um acréscimo de quase 30% no volume transacionado, tendo a empresa intermediado mais de 300 milhões de euros.
Os números divulgados pelo Grupo Decisões e Soluções (DS) são também animadores, tendo fechado o ano com um volume de negócios, em todas as suas áreas de atividade, de 3.050 milhões de euros e uma faturação de 94 milhões de euros, o que representa um crescimento de 45% face a 2023.
“O ano 2024 foi o nosso melhor ano de sempre e crescemos em todas as áreas de atividade do Grupo DS, como tem acontecido todos os anos”, comenta Paulo Abrantes, diretor-geral do Grupo DS, salientando que na área da consultoria imobiliária foram vendidos imóveis num valor superior a 430 milhões de euros, tendo a faturação aumentado 31% em comparação com o ano anterior.
O que explica os números (em alguns casos recorde)?
No caso da E&V, 2024 não deixou de ser um ano especial, apesar de não se terem batidos novos máximos. Daniela Rebouta explica porquê: “Foi um dos melhores anos [de sempre], impulsionado por uma estratégia de crescimento bem definida. A expansão global desempenhou um papel fundamental, com a abertura de mais de 80 novas lojas em cidades estratégicas, alargando a presença da empresa para 35 países. Paralelamente, a forte aposta na área digital e na integração de soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA) permitiu otimizar a experiência do cliente e aumentar a eficiência operacional.”
Rui Torgal também é da opinião de que “o forte investimento em expansão e tecnologia” ajudou a potenciar os resultados conseguidos pela ERA Portugal em 2024. “Por um lado, a expansão da rede: abriram-se 19 novas agências em 2024 (+25% face a 2023). Por outro lado, a aposta na tecnologia trouxe-nos um crescimento mais sustentável, garantindo maior produtividade às equipas.”
Já Alfredo Valente, CEO da iad Portugal, considera que o sucesso se deve também a fatores externos, que contribuíram para que a empresa tivesse um bom desempenho. “Os resultados são fundamentalmente explicados pela descida das taxas de juro no crédito habitação, que deram uma nova dinâmica ao mercado habitacional.”
Competitividade, transparência e proximidade
Quando questionado sobre o que ajuda a explicar os números recorde obtidos no ano passado, o presidente da Remax Portugal enumera três razões principais: a elevada dinâmica do mercado, a estrutura/organização da marca e a elevada confiança e satisfação dos clientes. “Num mercado extremamente competitivo como o da mediação imobiliária, não se é líder incontestado durante mais de duas décadas se não formos realmente os melhores”, frisa Manuel Alvarez.
O que esperar da mediação imobiliária em 2025? Há desafios?
Desafiámos os responsáveis das imobiliárias a indicarem quais são os principais desafios que a atividade da mediação imobiliária enfrenta em 2025.
As perspetivas são positivas, prevendo-se a continuidade da tendência registada em 2024, assumindo que as taxas de juro se mantenham em níveis reduzidos. O mercado imobiliário permanece condicionado pela escassez de oferta e pela expectativa de medidas que incentivem a construção nova.
“O principal desafio é o de aumentar a quantidade e diversidade da oferta, sobretudo a de habitação a preços acessíveis à maioria da população.”
Manuel Alvarez, presidente da Remax Portugal
Em suma, a mediação imobiliária em Portugal apresenta um futuro promissor, mas também repleto de desafios a serem enfrentados nos anos vindouros.