A Crise Imobiliária na China: Como um Fundo Público Está a Mudar o Jogo!
Recentemente, a China está a navegar em águas turbulentas no setor imobiliário, e um dos seus maiores trunfos é um fundo público de habitação que promete fazer a diferença. Com um valor impressionante de 10,9 biliões de yuan (aproximadamente 1,3 biliões de euros), a iniciativa estatal tem como objetivo oferecer um suporte essencial numa época em que muitos bancos estão a recuar nos seus empréstimos devido a uma crise crescente.
O fundo, que resulta de contribuições mensais de trabalhadores e empregadores, está a mostrar-se cada vez mais como uma alternativa viável e necessária ao crédito bancário tradicional. Em 2023, o fundo superou as instituições financeiras bancárias, tornando-se uma fonte de financiamento predominante, com 8,1 biliões de yuan em hipotecas ativas. Esta mudança foi destacada por Chen Wenjing, diretora de investigação na China Index Holdings, como uma ação crucial para sustentar o mercado imobiliário.
O cenário no setor imobiliário é preocupante. As vendas residenciais voltaram a cair, e as principais promotoras enfrentam quedas de vendas que podem ultrapassar os 10% em 2025, um reflexo alarmante das incertezas económicas e do receio entre os potenciais compradores.
Uma das chaves para revitalizar o mercado pode residir na facilitação do acesso ao crédito. Desde 2023, várias cidades, incluindo Shenzhen - uma das mais caras do país - começaram a afrouxar as restrições de crédito. Isso permite o uso dos depósitos do fundo como entrada na compra de imóveis, abrindo novas portas para muitos que, previamente, estavam impossibilitados de adquirir a sua casa própria.
Além disso, o banco central teve um papel ativo ao reduzir as taxas de juro para os créditos do fundo, tornando-os significativamente mais atraentes em comparação com os empréstimos bancários. Apesar dessas medidas, alguns analistas mantém uma visão cautelosa, considerando que a redução da taxa de juro, embora benéfica, é apenas uma solução temporária e pode não ser suficiente para reverter a trajetória descendente das vendas.
Agora, com a grande parte da população a depender deste fundo para apoiar os seus sonhos de casa própria, a pressão sobre os governos locais aumenta. A necessidade de ajudar os cidadãos a contornar esses obstáculos é maior do que nunca, e a esperança está a voltar-se para este fundo, que, ao longo das décadas, sempre funcionou como uma rede de segurança para muitos trabalhadores.
O que nos resta é observar com atenção como esta situação irá evoluir e se o fundo realmente conseguirá dar um novo alento a um setor que, para muitos, é sinónimo de estabilidade e futuro. A solução pode muito bem estar nas mãos do sistema de poupança que a China tem implementado, provando que, por detrás de cada crise, pode haver oportunidades despercebidas à primeira vista.