A Verdade Oculta: A Crise Habitacional em Portugal e a Solução que Ninguém Está a Ver
Nos últimos anos, o setor imobiliário em Portugal tem enfrentado desafios significativos, com muitos a pedir uma redução do IVA na construção para 6% como solução para aumentar a oferta de habitação. No entanto, Luís Mota Duarte, Deputy CEO da Sonae Sierra, traz uma perspectiva inovadora: em vez de esperar que o Estado intervenha, os agentes económicos devem assumir a responsabilidade e agir.
Em sua intervenção durante a conferência "Portuguese Real Estate Investment Vehicles & Financing" em Lisboa, Mota Duarte destacou que a situação atual requer não apenas ajustes fiscais, mas também um esforço conjunto por parte dos promotores, construtores e proprietários de terrenos. "Poder-se-ia juntar um grupo com estes agentes económicos com o objetivo de criar mais habitação, sendo rentável para todos na mesma", afirmou. Essa colaboração entre os diversos stakeholders poderia facilitar o desenvolvimento de novos projetos habitacionais, especialmente na modalidade 'Build to Rent' (BtR).
Segundo Mota Duarte, a Sonae Sierra está a investir tanto em 'habitação acessível' como em BtR, reconhecendo que esses projetos, apesar de terem um retorno mais baixo, são fundamentais para abordar a crise habitacional. Explanou, "Tendo em conta que estamos praticamente na cadeia de valor toda, conseguimos criar um modelo mais rentável". Isso evidencia a necessidade dos agentes económicos de não apenas olhar para o Estado, mas também de serem proativos na busca de soluções efetivas.
O Deputy CEO fez um alerta importante sobre a percepção de risco que Portugal enfrenta a nível internacional, que muitas vezes é considerada elevada. "Portugal tem até bastante estabilidade em comparação com outros países", comentou, sugerindo que é vital melhorar a confiança entre os agentes locais e internacionais para promover um ambiente mais seguro para investimento.
Além disso, em um painel discutindo o financiamento no setor imobiliário, representantes do BTG Pactual e da Sonae Sierra enfatizaram a importância de alternativas financeiras. Alberto Sanchez, do BTG Pactual, explicou que a entrada do banco na Europa e o foco na Ibéria estão a gerar um aumento de projetos no sector, com muitos deles à procura de financiamento. "O financiamento para a aquisição de terrenos é algo que podemos olhar", declarou.
Este alinhamento de interesses entre diversos players do setor imobiliário e o foco em soluções inovadoras, como parcerias estratégicas, podem ser a chave para enfrentar a crise habitacional em Portugal. Em última análise, criar condições para o crescimento sustentável do setor requer não só uma resposta do Estado, mas também uma mobilização coletiva entre todos os intervenientes do mercado.
A situação atual em Portugal pode ser desafiadora, mas com iniciativas colaborativas e um foco na construção de habitação acessível, é possível vislumbrar um futuro mais promissor para o setor imobiliário e, consequentemente, para os cidadãos que se debatem com a crise de acesso à habitação.
Em suma, a responsabilidade de encontrar soluções não deve ser apenas de quem governa, mas de todos os que fazem parte do ecossistema imobiliário. Juntos, como agentes ativos, podem contribuir para que Portugal ofereça habitação digna e acessível a todos.