O Futuro Incerto do Edifício Transparente

O executivo da Câmara do Porto foi esta segunda-feira unânime em prorrogar até junho de 2026 a concessão do Edifício Transparente, um marco arquitetônico que tem a sua demolição prevista no âmbito do Programa da Orla Costeira Caminha – Espinho (POC-CE) até 2028.

"Continuamos à espera que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) defina aquilo que se pode fazer ali", afirmou o presidente da câmara, Rui Moreira, destacando a prolongada incerteza sobre o futuro do edifício.

Projetado pelo arquiteto catalão Solà-Morales e construído para a Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura, o Edifício Transparente foi inicialmente concessionado em junho de 2004. Apesar de seu prazo inicial de 20 anos, a concessão já havia sido prorrogada anteriormente e agora estende-se até 2026.

O POC-CE, que começou a ser implementado em 2021, identifica várias áreas críticas e determina medidas severas como o recuo de habitações e a proteção de áreas costeiras, incluindo a área onde se localiza o Edifício Transparente.

Rui Moreira exprimiu uma "total falta de respeito" pelo município em face da demora da APA em tomar decisões claras, enfatizando que não podiam deixar o edifício ficar ao abandono.

No decorrer das discussões, surgiu a sugestão de que o edifício poderia vir a ter um uso público e integrar-se ao Parque da Cidade, ideia apoiada pela vereadora do PS, Rosário Gambôa. Joana Rodrigues, da CDU, enfatizou que a decisão de demolir ou não depende muito da vontade política e da coragem do governo.

O vereador do BE, Sérgio Aires, sugeriu uma nova vida para o edifício, propondo que este seja transformado num museu marítimo, com uma vocação de serviço público.

Esta situação ilustra o conflito frequentemente observado entre o desenvolvimento urbano e a conservação de patrimônio arquitetônico, suscitando um debate mais amplo sobre como as cidades devem evoluir respeitando a sua história e cultura.