O valor médio do imobiliário em
Portugal subiu 7,1% no ano passado, o que traduz um aumento de 6% dos preços do setor em
cima de uma inflação geral da economia de 1,1%. Os dados são da Comissão
Europeia (CE), que conclui que esta subida de 6% toca o limite a partir do qual
a União Europeia (UE) considera existir receios quanto à existência de
desequilíbrios na economia.
Segundo o Jornal de Negócios, a evolução
do preço do imobiliário deflacionado é um dos seis indicadores principais de
acumulação de desequilíbrios internos do mecanismo de avaliação de
desequilíbrios macroeconómicos da UE, um mecanismo de coordenação de políticas
europeias que foi criado durante a crise (os desequilíbrios externos, contam
com outros cinco indicadores, e o desemprego com mais três). Para todos eles
existe um limite a partir do qual a evolução das variáveis suscita uma
avaliação qualitativa para identificar causas e riscos.
Bruxelas analisou a situação económica
nacional no início deste ano e embora a dinâmica no mercado imobiliário já
fosse bem conhecida, ainda não existiam dados para 2016. O tema não mereceu
grande destaque na altura, já que os economistas da CE concentraram-se nos
grandes desequilíbrios nacionais: elevadas dívidas pública e privada,
desemprego e baixa competitividade.
Certo é que nos próximos dias a
CE atualizará a sua análise com as previsões económicas que publicou em maio, os
dados do crescimento do primeiro trimestre, e as novas versões do Programa de
Estabilidade e do Plano Nacional de Reformas apresentadas pelo Governo em
abril. Daí sairão novas recomendações ao país, não sendo certo qual a gravidade
que será atribuída ao aquecimento do mercado imobiliário, escreve a publicação.
Setor em recuperação
De referir que a valorização do setor
imobiliário não se verifica só em Portugal. O país está, no entanto, num dos
lugares cimeiros do ranking da Zona Euro: a subida de 7,1% em 2016 é a
quarta maior do euro, sendo apenas superada por Malta (9,2%), Letónia
(8,8%) e Áustria (8,5%).
Os dados da CE para 2016 mostram que
após uma valorização de 15% nos últimos três anos, os preços já estão
praticamente ao nível de 2008 (a 0,4% de distância), o ano em que se
verificou o pico de preços desde o início do século.
Um dos riscos das valorizações excessivas do mercado imobiliário é o de poder haver uma bolha. Se tal acontecer, haverá perdas de riqueza para as famílias e empresas, menos emprego e serão prejudicados os balanços dos bancos que têm muito imobiliário e crédito associado nos balanços. Certo é que até a bolha imobiliária rebentar, a valorização tem o efeito oposto: incentiva consumo e investimento, cria emprego e ajuda o balanço dos bancos, escreve o Jornal de Negócios.
Fonte:Idealista