Desde o relançamento do programa Active Investor Plus (AIP), em abril, o governo da Nova Zelândia recebeu cerca de 200 candidaturas para obter uma autorização de residência, segundo o serviço de Imigração do país. A maioria vem de indivíduos com grande património, oriundos dos EUA, China e Hong Kong. Embora o investimento em imóveis residenciais não faça parte dos requisitos do programa, aqueles que obtiverem este tipo de ‘golden visa’ poderão comprar uma casa para uso próprio, o que deverá impulsionar o setor de habitação de luxo, segundo especialistas.
O Governo de Wellington impôs restrições à compra de propriedades por estrangeiros em 2018 para 'evitar a especulação e manter os preços das habitações acessíveis'. Até há pouco tempo, apenas cidadãos da Austrália e de Singapura estavam autorizados a adquirir imóveis no país.
O programa AIP oferece duas vias de investimento. Uma com um investimento mínimo de cerca de três milhões de dólares (2,56 milhões de euros) em empresas ou fundos geridos na Nova Zelândia, durante três anos, exigindo apenas 21 dias de presença no país nesse período. A outra opção prevê um investimento mais elevado, de seis milhões de dólares (5,12 milhões de euros) ao longo de cinco anos, com a exigência de passar 105 dias no país durante esse tempo.
Os candidatos selecionados obtêm o direito de viver, trabalhar e estudar na Nova Zelândia, com acesso à residência permanente. “A nossa experiência indica que se trata de pessoas com um elevado património líquido”, afirmou Dominic Jones, diretor-geral da Greener Pastures. “São atraídos pelo estilo de vida neozelandês, pela tranquilidade do país, e procuram mudar-se definitivamente com as famílias”, acrescentou.
Que impacto terá a chegada de cidadãos com elevado património líquido
Kashif Ansari, fundador e CEO do grupo imobiliário Juwai IQI, salienta que “a chegada de cidadãos com elevado património líquido terá um impacto significativo no relativamente pequeno mercado de habitação de luxo da Nova Zelândia”. Segundo ele, “vão comprar casas em zonas residenciais exclusivas e terrenos para grandes propriedades”.
De acordo com a consultora britânica Henley & Partners, a Nova Zelândia tem o sétimo programa de imigração mais popular do mundo até à data, sendo que metade dos candidatos provêm dos EUA e cerca de um terço da China.
Em termos de pedidos de informação para requerer um visto, a Nova Zelândia ocupa a 16.ª posição, sendo os cidadãos norte-americanos novamente os mais interessados. Em 2024, o programa registou um aumento de 151% nas consultas e, segundo a consultora, “está a caminho de igualar esse nível elevado este ano - ou até superá-lo”.
Normalmente, realizam-se entre 10 e 30 transações com valores superiores a 10 milhões de dólares neozelandeses (5,1 milhões de euros). Com a chegada destes estrangeiros, o número poderá aumentar em até 25 transações de luxo adicionais por ano.
“Acreditamos que o impacto será semelhante ao do programa de vistos na Austrália”, afirmou Kashif Ansari. “A compra de imóveis será limitada a terrenos para propriedades rurais e casas nos melhores bairros, próximos das melhores escolas e serviços. O mercado de gama média e outras zonas não serão afetados. Esperamos que o impacto seja focalizado e limitado”, acrescentou.
Os bairros da zona do porto de Auckland serão os que mais interesse irão gerar, seguidos - a alguma distância - por Wellington e Queenstown. Acrescentou ainda que “os compradores terão objetivos diferentes, consoante o seu património líquido e o país de origem”.
Apesar de a Nova Zelândia ser extremamente segura, com boa educação e cuidados médicos de qualidade, além de um ambiente agradável, a distância geográfica representa a maior desvantagem para as famílias mais abastadas. Segundo os especialistas, embora o país ofereça altos padrões de segurança, educação, saúde e clima, mercados como Suíça, Mónaco, Emirados Árabes Unidos ou EUA continuam a atrair mais as famílias com filhos em idade escolar.